Em Formosa, a transição de governo tem sido marcada por tensões políticas. Na última semana, mais uma sessão extraordinária convocada pela gestão do atual prefeito Gustavo Marques (Podemos) foi cancelada após uma manifestação popular e questionamentos da prefeita eleita, Simone Ribeiro (PL).

Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal, vereador Edmundo Nunes Dourado (Podemos), o Mundim, afirmou que os manifestantes tinham direito de expor suas reivindicações, mas deveriam “respeitar os direitos dos vereadores em fazer a sessão”. Porém, pouco depois, resolveu encerrá-la sem que os parlamentares iniciassem os trabalhos.

A mobilização dos formosenses no interior e na área externa da Câmara foi decisiva para o cancelamento. Com grande presença de cidadãos, a pressão contribuiu para o adiamento da votação.

Mundim reclamou da atuação dos manifestantes e encerrou a sessão (Foto: Divulgação)

Violação da LRF

Os 22 projetos que seriam votados, apresentados no final do mandato de Marques, geraram controvérsia e acusações de falta de transparência. Entre as propostas, algumas medidas chamaram atenção pela relevância financeira, como a criação de cargos com salários elevados, o parcelamento de dívidas previdenciárias e a doação de terrenos públicos. Outro ponto polêmico foi o projeto que previa segurança pessoal para o prefeito após o fim do mandato. A sessão foi alvo de críticas por ocorrer em um período atípico, a apenas dias do encerramento da atual gestão.

Simone Ribeiro esclareceu que sua oposição não é contra a realização de sessões extraordinárias, mas contra a maneira como as propostas foram encaminhadas. “Esses projetos precisam ser analisados com cautela e responsabilidade. Não é aceitável que decisões tão importantes sejam tomadas de forma apressada, ainda mais quando ferem a legislação e podem comprometer as contas públicas”, declarou.

Ela também destacou a violação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que proíbe a criação de despesas nos últimos 180 dias de mandato. “O povo mostrou sua força e deixou claro que não aceita decisões tomadas de forma obscura. Essa é a transformação política que queremos para Formosa”, frisou.

Simone Ribeiro: “O povo mostrou sua força e deixou claro que não aceita decisões tomadas de forma obscura” (Foto: Divulgação)

Crise financeira

Formosa enfrenta uma grave crise financeira, com cerca de R$ 100 milhões em precatórios, um déficit previdenciário de R$ 8 milhões e dívidas acumuladas que agravam o orçamento público. Críticos das propostas argumentam que a aprovação poderia aumentar ainda mais os desafios para a próxima administração.

Simone Ribeiro, primeira mulher eleita prefeita da cidade, tomará posse no próximo dia 1º de janeiro e já enfrenta grandes desafios na transição. Apesar disso, ela reforçou que sua gestão será pautada pela transparência e responsabilidade fiscal. “Meu compromisso é com a população de Formosa, e é isso que vai guiar todas as decisões do nosso governo”, concluiu Simone.

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