As eleições estão chegando, mas os problemas no Entorno permanecem
20 março 2024 às 12h49
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Em diversos municípios do Entorno, problemas crônicos que afetam moradores há vários anos ainda estão sem solução. Com a proximidade das eleições, é certo que os candidatos irão se esmerar em promessas, mas a dúvida é se a população verá realmente as mudanças que tanto almeja.
A seguir, o Jornal Opção Entorno apresenta um pouco da realidade de três cidades da região, a partir de denúncia de moradores e líderes comunitários.
Escolas em Valparaíso
Município com quase 200 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE de 2022, e um dos principais do Entorno do Distrito Federal, Valparaíso de Goiás teve grande crescimento nos últimos anos e, paralelamente, os problemas também se avolumaram, segundo acusa o líder comunitário Adriano Rodrigues. “Ao longo de 10 anos não foram construídas unidades escolares suficientes para atendimento de toda a população. Neste ano há o risco de muitos alunos ficarem fora da escola”, alerta.
Entre os bairros que estão em situação crítica nesse sentido, segundo o líder comunitário, estão os de Chácaras Ypiranga, Chácaras Benvinda, Chácaras Santa Maria, Setor Anhanguera e Jardim Oriente. Além disso, ele se queixa das reformas não finalizadas na etapa B, de Valparaíso I, Marajó e duas escolas no Céu Azul.
Há, ainda, na avaliação de Adriano, falta de professores em creches da região, as quais se encontram, de acordo com ele, superlotadas. “Inclusive, recebemos uma denúncia de uma creche na Chácara Meireles, vizinha às Chácaras Ypiranga, de que estão juntando as salas para dar as aulas, porque não há professores para todos”.
Para a Secretaria de Educação, não faltam vagas
A professora e secretária Municipal de Educação de Valparaíso, Rudilene Nobre, rebate as acusações. “Informamos que existem escolas municipais em todos os bairros de Valparaíso de Goiás”, afirma.
Ela informa que no bairro Ypiranga foi construída a Escola Municipal Maguito Vilela, que hoje atende a comunidade local com mais de mil matrículas, do 1º ao 9º ano e Educação para Jovens e Adultos (EJA). A reforma da Escola Municipal Divina Lourenço, por sua vez, localizada na etapa B, foi concluída e a unidade já está disponibilizada à população. No bairro Céu Azul, Rudilene esclarece que a sede própria do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Janete dos Santos, que atende o público infantil de 3 a 5 anos de idade, acaba de ser entregue e foi também adquirida a nova sede da Escola Municipal Cora Coralina, com a cantina sendo finalizada para atender os mais de 800 alunos matriculados.
No bairro Marajó, uma creche está sendo ampliada e totalmente reformada. “Mesmo com a obra a todo vapor, as aulas continuam acontecendo normalmente, e muito em breve esse grande empreendimento será entregue aos alunos e servidores”, destaca a secretária.
Rudilene cita, ainda, a entrega da Escola Municipal Mônica de Fátima, no bairro Cruzeiro do Sul, que atende o público do 1º ao 9º ano, com mais de 400 estudantes matriculados, e fica ao lado de uma escola infantil, CMEI Aquarela das Letras, que tem alunos de 0 a 5 anos. “Hoje, a Educação oferta vagas para crianças até o 9º ano e o EJA, tendo na rede mais de 27 mil alunos matriculados”, ressalta. “Devido ao grande número de novos moradores em Valparaíso, que chegam absolutamente todos os dias na cidade, pode ocorrer de não existir no momento exato uma vaga ao lado de suas residências, mas em todo o município terá vagas para atender as matrículas solicitadas”, garante. E acrescenta: “Em caso de dúvidas, a comunidade pode procurar a Secretaria Municipal de Educação, no setor de matrículas, para verificar onde melhor atende a demanda da criança, para que ela não fique sem estudar”.
Problemas de infraestrutura
Em relação à parte de infraestrutura em Valparaíso, Adriano Rodrigues observa que, em época de chuva, a população sofre muitos transtornos, devido à falta de escoamento de águas pluviais. Com isso, há alagamentos em diversos pontos da cidade. “Vemos isso tanto na marginal da BR-040, como no Setor de Chácaras Anhanguera e no Céu Azul. Como não há infraestrutura, os moradores sofrem prejuízos e perdem bens materiais, como veículos que são arrastados pela água”, exemplifica. Ele frisa que as ruas do Céu Azul, mesmo depois de recapeadas, não resistiram às chuvas, devido à má qualidade do material utilizado na obra.
Questionado, o secretário de Infraestrutura, Habitação e Serviços Urbanos, Marcus Vinicius Mendes Ferreira, disse que não houve ainda recapeamento, porém uma licitação foi feita para asfaltar as ruas do bairro Jardim Céu Azul. “Já estamos com a obra licitada, executando as ruas Tupi, Guajajaras e Carijós”, informa. “Assim que terminarmos a execução dessas, iniciaremos imediatamente os trechos da rua Botocudos e aquele localizado próximo à rua Amazonas”, complementa.
Sobre as ruas do Setor de Chácaras Anhanguera, o secretário esclarece que as intervenções já estão sendo realizadas no local. “O governo de Valparaíso de Goiás iniciou uma obra de drenagem que vai acabar com todo esse sofrimento dos moradores”, assegura. “Mesmo com a limitação que a chuva impõe nessa época, estamos trabalhando de domingo a domingo”.
Moradores de Águas Lindas querem asfalto
No município de Águas Lindas de Goiás, com mais de 225 mil habitantes, a falta de asfalto tem sido um dos problemas mais recorrentes. “São muitos os bairros que nunca receberam pavimentação asfáltica, como os do Setor 11, Setor 12, Recreio, Barragem, Solar da Barragem e algumas quadras do Jardim América 4, entre outros”, enumera o pré-candidato a vereador e morador do Jardim América 4, Adenilson dos Santos Silva Filho, acrescentando que faltam também sistemas de drenagem, prejudicando o asfalto nas áreas onde houve pavimentação.
A moradora do Setor Chiola, Crislene Cardoso dos Santos, vivencia diariamente esse tipo de transtorno. “Quando chove, a situação piora; o caminhão de lixo atolou três vezes por aqui”, relata. “Faz anos que cobramos pavimentação e dizem que será realizada quando cessar as chuvas; porém, eu gostaria de saber em qual ano”, ironiza.
Crislene acusa ainda a falta de transporte escolar no bairro. “Não há escolas próximas e, por isso, os alunos dependem do ônibus, que toda semana está quebrado. Não temos posto de saúde próximo também”, declara.
Outra questão, segundo ela, é a falta de postos de trabalho para a crescente população do município. “A cidade não gera empregos suficientes para os moradores. Temos que acordar de madrugada, esperar horas nas paradas e ir embora em um ônibus lotado. Fora que o DF não quer mais contratar quem vive no Entorno por conta dos valores da passagem”, ressalta.
A redação do Jornal Opção Entorno entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura; porém, até o momento do fechamento da edição, não teve retorno.
Santo Antônio do Descoberto: de olho na saúde
Outra cidade que sofre com problemas crônicos é Santo Antônio do Descoberto, sendo a área de saúde um dos maiores gargalos, afetando os mais de 72 mil habitantes.
Em visita ao Hospital Municipal Dom Luiz Fernandes, o vereador Neném da Civil (PP) constatou a falta de soro na unidade. “O único tipo de soro que tem aqui são esses quatro vidrinhos de um litro. Se o médico receitar 250 ml, 750 ml serão descartados. É dinheiro público jogado no lixo”, denunciou. Faltam, ainda, segundo ele, itens básicos na farmácia do hospital, como álcool e esparadrapo.
O parlamentar diz que não havia nenhum diretor ou administrador presente na unidade, no horário de sua visita ao local. “A crise na saúde se instalou em Santo Antônio do Descoberto, na gestão do secretário Alessandro Viana. Até quando?”, conclui. O secretário Municipal de Saúde foi procurado pela reportagem, mas não retornou às tentativas de contato da equipe.
Se o hospital sofre com falta de materiais básicos, o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) do município, por sua vez, apresenta problemas sérios em sua estrutura. Morador no bairro Beira Rio 2, Marcelo Assis Gomes diz que parte da instituição, vinculada à Secretaria de Saúde, simplesmente desabou. “Eu imaginei que esta semana o CEO não funcionaria, mas, ao conversar com os funcionários, as atividades estão ocorrendo normalmente, mesmo nessas condições. Olha, que absurdo!”, afirma, escandalizado. “Permitir que o Centro funcione desta forma, é porque não há nenhuma sensibilidade em relação à saúde do município”.
O coordenador do CEO, dr. Diogo Nakahra, respondeu que o imóvel é alugado e o proprietário já foi notificado. “Desde a semana passada, o local está passando por uma reforma. Não houve desabamento. Estão quebrando para reformar a estrutura”, justificou.