A falta de transporte público em Santo Antônio do Descoberto tem impactado diretamente a vida dos moradores, que precisam recorrer a alternativas, como mototáxis e os veículos conhecidos como “lotações” ou “piratinhas”, os quais suprem em parte a demanda, mas trafegam irregularmente, sem garantia de manutenção, segurança ou tarifas justas.

Por enquanto, a possibilidade de implementação de um sistema de ônibus regular e eficiente no município está apenas na promessa. Segundo o mecânico Luiz Augustus do Espírito Santo, morador do Parque 13, a proposta já foi anunciada diversas vezes, mas nunca saiu do papel. “Isso já foi prometido muitas vezes e nunca aconteceu”, desabafou.

Luiz critica a fiscalização da Companhia Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), que coíbe a circulação dos “piratinhas”. “Essas pessoas só querem trabalhar e ganhar o dinheiro delas. Em vez de ficar apreendendo os carros, deveriam legalizar o serviço”, defendeu.

Para ele, a tarifa estipulada pelos motoristas não é alta, considerando as dificuldades de manutenção dos veículos e as condições das vias. “Cobrando só R$ 5 para ir e voltar, com esse asfalto todo esburacado, é praticamente um favor que fazem pra gente”, avalia.

Fiscalização aborda transporte pirata (Foto: Divulgação)

Transtornos na locomoção

A situação se torna ainda mais grave para famílias que precisam se deslocar diariamente. Gabriela Oliveira, moradora do bairro Queiroz, enfrenta um verdadeiro desafio para se locomover com seus três filhos. “Eu pago R$ 5 a passagem e meus filhos também. Se for um ‘piratinha’ fechado, gasto R$ 30 para ir e R$ 30 para voltar”, relata. “Antes tinha transporte circular por R$ 1 ou R$ 2, mas hoje em dia não tem nada”.

Além do alto custo, a dificuldade de acesso ao comércio local também é um problema. “Os ‘piratinhas’ não vão até lá embaixo no mercado, aí temos que andar a pé ou pagar um frete de R$ 30 a R$ 35 para trazer as compras”, explica.

A mobilidade também afeta estudantes, que precisam chegar às escolas e universidades. “Desde 2014, quando eu estudava à noite, já era assim. Se o transporte escolar quebrasse, não tinha van para pegar. Isso vem de muitos anos, não é de agora”, relembra Gabriela.

Prefeitura promete solução

A prefeitura de Santo Antônio do Descoberto informou ao Jornal Opção Entorno que a implementação do transporte público municipal está em fase final de planejamento e vai incluir o sistema de Tarifa Zero. De acordo com a administração, o projeto será viabilizado por meio de emendas parlamentares e parcerias. No entanto, ainda não há uma previsão exata para o início da operação, pois o processo depende da conclusão da licitação.

Além disso, segundo a prefeitura, vão ser buscadas fontes de financiamento adicionais e estudos de modelos de sucesso em outras cidades, para garantir que o serviço seja sustentável e atenda à população a longo prazo.

Embora não acredite na viabilidade da Tarifa Zero, Luiz Augustus afirmou que espera ver melhorias na mobilidade urbana com a nova gestão. “Agora temos uma prefeita no comando e espero que ela faça as coisas direito, como manda o figurino”, concluiu.

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