Durante a fiscalização, o órgão de inspeção encontrou uma série de problemas no hospital, principalmente nas áreas de lavanderia e esterilização. A autoclave, equipamento essencial para esterilizar instrumentos médicos, estava quebrada há mais de seis meses. Sem reparação na máquina, os profissionais estavam utilizando uma estufa para a desinfecção, o que não é recomendado, especialmente para objetos metálicos e cortantes. Além disso, foi constatado que a lavanderia estava utilizando sabão inadequado para a limpeza de roupas e materiais hospitalares.

Essas falhas foram consideradas um risco direto à saúde dos pacientes. A falta de esterilização adequada pode levar a infecções graves e, em alguns casos, colocar vidas em perigo. Diante disso, a Suvisa resolveu intervir para evitar maiores problemas à saúde pública. A decisão de interditar o setor foi tomada com base na avaliação de que, sem medidas corretivas urgentes, a unidade não teria condições de garantir a segurança da população atendida no local.

Vereadora acompanhou a fiscalização

A vereadora Meiranny Reis (PP), que acompanhou a fiscalização, fez críticas à situação encontrada na unidade de saúde. Ela destacou que, além da interdição da lavanderia e da esterilização, o hospital enfrenta uma série de problemas estruturais que impactam diretamente a qualidade do atendimento à população. “A saúde em nosso município deixa muito a desejar. Durante esse mandato, recebemos diversas denúncias e fizemos várias fiscalizações. Um exemplo claro disso é a farmácia básica, que incinera medicamentos vencidos, enquanto faltam remédios essenciais para os pacientes”, afirmou Meiranny.

Meiranny Reis: “A saúde em nosso município deixa muito a desejar. Durante esse mandato, recebemos diversas denúncias”

A parlamentar ressaltou que a infraestrutura hospitalar é precária. “O hospital tem uma estrutura muito ruim. Não há bancos para as pessoas se sentarem na recepção, a instalação elétrica está comprometida, o gerador não funciona corretamente e a limpeza do hospital é insuficiente. As pessoas são desrespeitadas e a falta de equipamentos médicos e materiais coloca os pacientes em risco”, denunciou.

Falta de medicamentos e especialistas

Outros relatos de moradores da cidade reforçam as críticas sobre a precariedade do atendimento. Maria Eduarda Félix Pereira, 20, estudante de biomedicina, descreveu a realidade de quem depende dos serviços de saúde locais. “A falta de medicamentos é uma constante no hospital. Se você precisar de um remédio ou de um soro, muitas vezes tem que comprar por conta própria, porque o hospital não tem”, afirmou a estudante.

Kátia Adriana de Oliveira Silva, 48, empreendedora e dona de casa, também compartilhou sua experiência pessoal, mencionando a dificuldade em conseguir exames e especialistas médicos. “Eu precisei de um exame, mas não tinha técnico no hospital para realizá-lo. Além disso, a falta de médicos especializados é um problema constante. Muitas pessoas precisam ser transferidas para hospitais de outras cidades ou até de Brasília, porque o daqui não oferece os serviços necessários”, frisou.

Medidas para resolver a situação

Fábio Cavalcanti, advogado e integrante da equipe de transição da futura administração municipal, acompanhou a fiscalização, destacando que a nova gestão reconhece a gravidade dos problemas estruturais na unidade hospitalar e já está tomando providências. “A prefeita eleita Jessica do Premium (UB) já foi informada da situação crítica do hospital e está buscando recursos financeiros e técnicos para resolver as questões mais urgentes. A prioridade será a reestruturação do setor de lavanderia e esterilização, que já é uma necessidade há muito tempo”, disse Cavalcanti.

Fábio Cavalcanti (primeiro à direita): “A prefeita eleita Jessica do Premium foi informada da situação crítica do hospital e está buscando recursos financeiros e técnicos para resolver as questões mais urgentes”

O advogado enfatizou que a equipe de transição sugeriu, como alternativa à unidade hospitalar do município, a UPA do Setor Mansões, que precisaria apenas de ajustes para atender a população de forma mais adequada. “A ideia é transformar a UPA em um hospital, pois o hospital municipal não tem mais condições de continuar operando da forma como está”, ressaltou.

Nota oficial da Suvisa

Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio da Suvisa, informou que a interdição das áreas de lavanderia e esterilização ocorreu após a constatação de condições inadequadas de funcionamento, que colocavam em risco a segurança dos pacientes. A SES-GO também detalhou que a interdição foi uma medida emergencial e cautelar, com o objetivo de evitar danos maiores à saúde pública. A nota ainda mencionou que, para que as áreas sejam liberadas, o hospital precisará tomar as providências necessárias, incluindo a possibilidade de terceirizar os serviços de lavanderia e esterilização, e solicitar a desinterdição.

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