8 de março: mulheres revelam os desafios para ocupar espaços de poder no Entorno

08 março 2025 às 11h54

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As discussões sobre igualdade de gênero ganham ainda mais relevância neste dia 8 de março e, apesar das conquistas alcançadas, a presença feminina em cargos de liderança ainda tem baixa representatividade na Região Metropolitana do Entorno do Distrito Federal (RME). Das 11 cidades que compõem a região, somente duas contam com mulheres como prefeitas: Formosa, com Simone Ribeiro (PL), e Santo Antônio do Descoberto, com Jessica do Premium (UB).
Para Andreia Maidana, doutoranda em Ciência Política e consultora política, o cenário é ainda de sub-representatividade feminina nos cargos públicos eletivos, tanto no DF quanto no Entorno, e essa realidade acompanha o padrão brasileiro. “Apesar de serem a maioria do eleitorado nacional, as candidaturas femininas corresponderam a apenas 34% nas eleições de 2022, com as mulheres ocupando somente 18% dos cargos eletivos. Entre as parlamentares reeleitas, esse percentual caiu para 14%, evidenciando a dificuldade das mulheres em alcançar espaços de poder na política”, explica.
Na análise da especialista, a falta de incentivo e suporte efetivo no processo eleitoral desestimulam as candidaturas entre o público feminino. “E quando as cotas de 30% não são respeitadas, tornam-se apenas uma fachada. Além disso, as mulheres enfrentam dificuldades financeiras significativas para arcar com campanhas caras, especialmente as mulheres negras, que têm ainda menos recursos em comparação às brancas”, destaca.

Maidana conclui, frisando que o baixo número de lideranças femininas em cargos políticos impacta diretamente a formulação de políticas públicas. “Em resumo, é imprescindível que mulheres estejam à frente da formulação dessas políticas, para garantir que suas necessidades sejam verdadeiramente atendidas”.
Eleitas para transformar
A empresária Jessica do Premium, 34 anos, foi eleita prefeita de Santo Antônio do Descoberto com 53,28% dos votos válidos, conquistando 18.230 eleitores. Ao Jornal Opção Entorno, ela enfatizou que a participação feminina na política é essencial para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “A presença feminina fortalece a democracia, traz novas perspectivas e soluções para os desafios. Cada vez mais, as mulheres têm mostrado sua força e competência. E eu sou prova de que, quando uma mulher ocupa um cargo de liderança, ela transforma realidades e inspira outras a seguir o mesmo caminho”.

Já Simone Ribeiro, 45, é a primeira mulher negra prefeita de Formosa. Eleita com 41,44% dos votos, ela liderou em todas as urnas do município e conquistou o apoio popular em sua segunda candidatura, após um mandato como vereadora.

“Ser prefeita de um município com quase 200 anos é uma grande honra e responsabilidade. Como mulher, sei que é preciso provar constantemente nossa competência. Com dedicação e compromisso, tenho trabalhado para envolver as mulheres de Formosa nesse projeto de transformação da cidade. Que possamos, juntas, seguir transformando realidades”, declara.
Um lugar nos espaços de decisão
Para a deputada estadual Dra. Zeli (UB), os desafios são ainda mais complexos do que a simples disputa eleitoral. Ela acredita que a entrada e a permanência das mulheres na política demandam não apenas competência, mas também uma constante prova de que estão à altura do cenário político.
“Para entrar e permanecer na política, muitas vezes precisamos provar que somos melhores do que a maioria dos homens, que nossas intenções são legítimas e que estamos preparadas para lidar com um ambiente historicamente dominado por eles. Isso, infelizmente, intimida muitas mulheres, não por falta de competência, mas pelo desgaste que o cenário político pode impor”, analisa a parlamentar.

Por fim, a vereadora Luana Marques (Republicanos) afirma que sempre sonhou em fazer a diferença na vida das pessoas e, desde a infância, alimentou o desejo de entrar para a política. Para ela, a verdadeira transformação da sociedade passa pela ocupação de espaços de decisão. Como empresária e cidadã de Novo Gama, Luana acompanhou de perto os desafios enfrentados pela população.

“Somos uma minoria nos espaços de poder, o que faz com que muitas das nossas demandas sejam ignoradas ou não recebam a devida atenção. Precisamos de mais mulheres no poder para que políticas públicas em áreas como segurança, saúde, educação e geração de renda sejam priorizadas e mais sensíveis à nossa realidade”, conclui.
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