A 2ª Semana da Mulher na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) foi marcada pela posse da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) à frente da Procuradoria Especial da Mulher (PME), em substituição à deputada Dayse Amarilio (PSB). A nova procuradora, em seu discurso, enfatizou a busca pela igualdade de oportunidades. “Quando temos a igualdade, a gente pode ser o que quiser”, frisou.

A PME tem como principais prerrogativas a defesa dos direitos da população feminina e a luta pela igualdade de gênero. A instituição também conta com um canal aberto à população para recebimento de denúncias. Nesse escopo, um dos principais desafios da pasta é dar suporte a mulheres vítimas de tentativas de feminicídio.

Uma das medidas anunciadas por Paula Belmonte nesse sentido é o fortalecimento de um grupo de trabalho voltado à conscientização do público feminino e ao desenvolvimento de políticas públicas para tirar as mulheres dos ciclos de violência. O incentivo à autonomia econômica feminina está entre as estratégias.

Nessa entrevista ao Jornal Opção Entorno, a nova procuradora Especial da Mulher explica suas ações e desafios à frente da PME, assim como seus eixos estratégicos de atuação.

Paulo Henrique Magdalena – Quais serão suas principais estratégias à frente da Procuradoria Especial da Mulher para combater a violência contra mulheres no Distrito Federal, especialmente os casos de feminicídio?

Paula Belmonte – Eu quero começar dizendo que eu assumo a missão de procuradora Especial da Mulher da Câmara Legislativa com profunda honra e senso de responsabilidade. Este não é apenas um cargo, é um compromisso com as mulheres da nossa capital e com todas as gerações que lutaram e ainda lutam por justiça, dignidade e liberdade.

A Procuradoria da Mulher tem uma missão essencial: ser a voz institucional das mulheres dentro na Câmara Legislativa e um canal direto com a sociedade. Vamos ampliar a fiscalização das políticas públicas, lutar contra a violência em todas as suas formas – seja doméstica, sexual, institucional ou psicológica – e incentivar a participação efetiva das mulheres nos espaços de decisão e de poder.

Queremos trazer para dentro da Câmara Legislativa as instituições, a fim de promover o combate à violência e fortalecer um grupo de trabalho voltado a levar mais informações ao público feminino.

Precisamos trabalhar principalmente o respeito às mulheres, conscientizá-las sobre as repercussões da violência e trabalhar políticas públicas para tirá-las dos ciclos de violência. Aqui, entra a autonomia econômica feminina, um dos pilares da minha missão à frente da Procuradoria.

Paulo Henrique Magdalena – De que forma pretende promover a igualdade de gênero e aumentar a representatividade feminina nos espaços de poder e decisão durante seu mandato como Procuradora Especial da Mulher?

Paula Belmonte – A igualdade de gênero vai ser outro pilar da minha atuação. Nós, mulheres, não queremos ocupar os espaços de outros homens, nós queremos ocupar o nosso espaço. E, para isso, as oportunidades devem ser iguais tanto para homens quanto para mulheres. Queremos trabalhar muito com a educação, com as nossas jovens, com as nossas crianças, mostrando, principalmente, que as meninas podem sonhar, que as meninas podem realizar.

Aqui, falo sobre dois outros eixos estratégicos da minha atuação:

1. Primeira Infância e Adolescência Feminina: investir nas meninas desde a primeira infância é garantir um DF mais justo e seguro no futuro. Vamos atuar para que elas tenham acesso à educação de qualidade, à proteção integral e à liberdade de sonhar e realizar.

2. Educação como Transformação Social: a educação será nossa aliada para mudar mentalidades e romper preconceitos. Atuaremos nas escolas, universidades e na sociedade como um todo, para construir uma cultura de respeito, igualdade e não-violência.

Paulo Henrique Magdalena – Quais iniciativas estão previstas para incentivar o empreendedorismo feminino e assegurar que as mulheres tenham acesso a oportunidades econômicas justas e igualitárias no Distrito Federal?

Paula Belmonte – O empoderamento econômico é chave para romper o ciclo da violência. Vamos estabelecer programas robustos de capacitação e empreendedorismo feminino, garantindo mais acesso ao crédito e suporte técnico para que nossas mulheres tenham autonomia financeira e segurança.

É importante frisar que, quando a gente fala sobre empreendedorismo, falamos a respeito de geração de renda e de emprego. Muitas pessoas pensam que empreendedorismo é administrar empresa grande. Não! Estamos falando é da empreendedora que faz o bolo em casa e vende para os vizinhos, faz festas de aniversário, faz maquiagem, sobrancelha. Então, é aquela mulher que, dentro das suas condições, da sua casa, ou de onde ela quiser, ela pode começar um negócio e gerar renda.

Por isso, é que o Protagonismo Feminino e Legado de Transformação é outro eixo estratégico da minha atuação. Queremos mais mulheres em posições de liderança, seja na política, no mercado ou na sociedade civil. Inspirar e preparar mulheres para ocuparem espaços de poder será uma das marcas da minha gestão.

Outro eixo que queremos trabalhar é Ética e Transparência na Gestão Pública. A política precisa servir à população e às mulheres do DF. E, por fim, meu compromisso é com uma atuação séria, ética e transparente, buscando parcerias sólidas com a sociedade civil para ampliar o alcance das nossas ações e garantir resultados concretos.

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