O futuro do Entorno passa pelo fomento à ciência, tecnologia e inovação

07 junho 2024 às 10h34

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Formado em Engenharia Mecatrônica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José Frederico Lyra Netto, que está à frente da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti Goiás), faz jus ao perfil técnico desejado pelo governador Ronaldo Caiado (UB) ao seu secretariado. O atual titular da pasta é mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Harvard e possui formação executiva em Integridade e Valores em Governo pela Universidade de Oxford.
Em 2017, foi um dos 11 líderes empresariais jovens selecionados para um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Antes de sua atual posição, José Frederico atuou como secretário de Prioridades Estratégicas de Goiânia, idealizando e implementando o primeiro processo seletivo aberto para cargos comissionados na capital.
Um dos projetos mais importantes da secretaria é a Escola do Futuro, sendo que um terço das unidades está na região do Entorno. Elas atendem principalmente a população jovem e contam com laboratórios de robótica voltados para a faixa etária de 8 a 18 anos. Além disso, um novo programa piloto de inclusão digital, denominado Cidadão Tech, foi recentemente inaugurado na Escola do Futuro em Santo Antônio do Descoberto. Este programa está direcionado aos idosos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, proporcionando-lhes conhecimentos básicos de informática.
Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, José Frederico destaca a importância dessa instituição em Goiás e no Entorno. Além disso, aponta as iniciativas da pasta no fomento à pesquisa e inovação, sobretudo os investimentos em bolsas de mestrado e doutorado.

Paulo Henrique Magdalena – Existe algum plano para a ampliação, com novas unidades, das Escolas do Futuro em outros municípios da Ride que ainda não são beneficiados com esse programa?
José Frederico Lyra Netto – Duas das seis Escolas do Futuro que temos em Goiás ficam no Entorno do Distrito Federal: uma em Santo Antônio do Descoberto e outra em Valparaíso de Goiás. É a única região do estado, fora a metropolitana de Goiânia, com o maior número de unidades. Isso acontece porque o governador Ronaldo Caiado reconhece a importância do Entorno para Goiás: é uma das regiões com maior população e PIB, além de ter um potencial enorme para tecnologia e inovação. Então, o governo estadual valoriza o Entorno, colocando aqui um terço das nossas Escolas do Futuro. No entanto, há potencial para ampliar ainda mais o atendimento com escolas volantes. Este é um projeto que tem sido planejado na Secti, bem como a criação de unidades descentralizadas, uma espécie de filial das Escolas do Futuro, que podemos fazer em parceria com as prefeituras. Isso já ocorre em outras cidades, como Bela Vista de Goiás e Jaraguá, e é possível de ser feito no Entorno.
Paulo Henrique Magdalena – Quais são as principais iniciativas ou programas atualmente em andamento no âmbito da Secti Goiás para promover a inovação e o desenvolvimento tecnológico nos municípios do Entorno?
José Frederico Lyra Netto – Para além das duas Escolas do Futuro, em Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso de Goiás, temos laboratórios de robótica voltados para crianças e adolescentes, que promovem o conhecimento inicial de tecnologias para goianos de 8 a 18 anos. Atualmente, eles estão presentes nas cidades de Luziânia, Santo Antônio do Descoberto e Valparaíso. Além disso, recentemente começamos um programa piloto de inclusão digital para o estado chamado Cidadão Tech. A princípio, o programa está funcionando na Escola do Futuro em Santo Antônio do Descoberto, mas deve ser expandido em breve. O Cidadão Tech, nesta primeira etapa, está capacitando idosos em condição de vulnerabilidade socioeconômica em tecnologia, possibilitando o aprendizado de conhecimentos básicos de informática para que eles e elas possam se defender de golpes cibernéticos e evitar a desinformação online.

Paulo Henrique Magdalena – Como a Secti Goiás está colaborando com instituições de ensino e pesquisa para fomentar a produção científica e tecnológica na região?
José Frederico Lyra Netto – Em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), estamos fomentando diversas atividades e pesquisas em Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) no Entorno, sendo as instituições de ensino superior nossas principais parceiras. Em 2023, batemos o recorde de investimentos na área de CTI em Goiás: foram mais de R$ 90 milhões aplicados no fomento à pesquisa e inovação, assim como em bolsas de mestrado e doutorado. Ou seja, estamos capacitando os goianos cada vez mais. Fora isso, em abril, lançamos o Plano Diretor do Ensino Superior de Goiás, que foi feito de forma muito inclusiva, com realização de audiências públicas em todas as regiões de planejamento de Goiás. O Plano Diretor do Ensino Superior vai guiar as políticas voltadas para o setor nos próximos dez anos e Valparaíso de Goiás recebeu a audiência realizada no Entorno.
Paulo Henrique Magdalena – Quais são os principais setores ou áreas de foco para investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico na região da Ride nos próximos anos?
José Frederico Lyra Netto – Quando olhamos para os dados de Valor Adicionado Bruto do PIB da região do Entorno do Distrito Federal, percebemos que três setores se destacam: serviços, agricultura e indústria. Todos esses setores têm enorme potencial para ciência, tecnologia e inovação. Já temos experiências com inovação de ponta na agricultura sendo feita a partir de pesquisas científicas, por exemplo, nas regiões sul e sudeste do estado, e queremos expandi-las, por meio das nossas políticas de fomento e incentivo. Este é apenas um exemplo. A formação técnica em tecnologia que estamos promovendo em Goiás, em especial no Entorno, dará resultados muito positivos para a população, pois cria mão de obra qualificada em uma das áreas mais demandadas pelo mercado em todas as áreas atualmente, que necessita de programadores, operadores de drones, entre outras profissões que podem ser aprendidas nos cursos gratuitos oferecidos pelo governo estadual por meio da Secti Goiás.

Paulo Henrique Magdalena – Como a Secretaria está incentivando o empreendedorismo e a criação de startups de base tecnológica no Entorno?
José Frederico Lyra Netto – As Escolas do Futuro não oferecem somente ensino. As unidades têm estrutura de ponta e realizam um trabalho importante com programas de pré-incubação de startups e novos negócios inovadores, além de ter coworking gratuito e realização de serviços tecnológicos. É a parte de extensão e inovação que temos nas Escolas do Futuro e isso já tem rendido bons frutos no Entorno. Cito aqui um exemplo muito positivo: por meio do apoio da Escola do Futuro nesta área, uma startup em Santo Antônio do Descoberto criou, recentemente, revistas tecnológicas voltadas para o aprendizado de crianças com autismo. As revistas usam o recurso de realidade aumentada para fazer com que desenhos de animais ganhem vida quando coloridos e ativados por QR Code, o que permite momentos lúdicos entre a criança e seus cuidadores. Ou seja, é uma tecnologia que oferece meios eficazes para o desenvolvimento da comunicação não verbal em crianças neurodivergentes. Isso vai ajudar muitas crianças e pais não apenas do Entorno ou de Goiás, mas de todo o Brasil. E tudo isso foi possível graças a esta política pública mantida pelo governo estadual.
Paulo Henrique Magdalena – Uma vez que o segmento está em alta, em termos de educação e qualificação na área de tecnologia, como a Secti Goiás, por meio de programas educacionais, colabora para fomentar emprego e renda na região?
José Frederico Lyra Netto – O ensino é atividade meio para a conquista de emprego e renda; logo, temos feito um trabalho importante em ofertar conhecimentos tecnológicos, cujos empregos pagam acima da média de mercado. Então, um estudante comprometido da Escola do Futuro pode alçar voos ambiciosos, elevando a sua vida e a de familiares a outro patamar, por meio de conhecimentos adquiridos em tecnologia.
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