Com promessas de benefícios sociais e estruturais para a cidade, os projetos enfrentam entraves administrativos e financeiros que impedem sua conclusão, deixando a comunidade sem respostas claras e sem os serviços prometidos. Uma dessas obras, de quase R$ 1 milhão, é a Casa da Mulher Brasileira, que deveria atender mulheres vítimas de violência e cuja previsão de entrega seria em outubro de 2024. Segundo a Secretaria Municipal de Gestão Estratégica, 77% da construção já foi concluída, com previsão de entrega dentro de 60 dias.

No entanto, para moradores como Agda Carvalho, a demora na inauguração significa um impacto direto na segurança e no bem-estar da população feminina da cidade. “A Casa da Mulher Brasileira é essencial para acolher e oferecer suporte às mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente em casos de violência doméstica”, frisa. “Sem esse espaço, muitas delas ficam desamparadas, sem acesso rápido a serviços básicos, como atendimento psicológico, jurídico e assistencial”, avalia.

Embora a prefeitura garanta que a obra está em andamento com recursos do Ministério das Mulheres, o atraso e a falta de informações claras sobre o cronograma real continuam gerando dúvidas e desconfiança entre os residentes do município.

Prefeitura estima que a obra fique pronta em torno de dois meses (Foto: Divulgação)

Repasses suspensos

Já a construção do Complexo Esportivo Camping Clube, iniciada em março de 2024, segue sem previsão de retomada. A empresa contratada desistiu da obra após a paralisação dos repasses federais devido à ADPF 854, um impasse jurídico que afetou diversos investimentos municipais. O valor total do projeto ultrapassa R$ 4 milhões, sendo R$ 1,9 milhão para o complexo e R$ 2,2 milhões para o espaço FUT 11.

A prefeitura afirma estar buscando soluções para liberar os recursos, com visitas à Câmara dos Deputados e diálogo contínuo com o Governo Federal. No entanto, admite que não possui verbas próprias para custear integralmente a obra e que, até o momento, os repasses continuam suspensos.

Falta de gestão e de fiscalização

Francisco Araújo: “Eu acho uma tremenda covardia uma construção desta parada” (Foto: Arquivo Pessoal)

A insatisfação de quem aguardava pelo complexo esportivo se reflete em declarações como a do ex-candidato a vereador Francisco Araújo, que critica duramente a gestão municipal. “Eu acho uma tremenda covardia uma construção desta parada, sendo que o próprio prefeito anunciou o andamento da obra, enganando a população”, desabafa. “Isso é revoltante não só para mim, mas para várias mães que esperavam essa obra ser concluída”.

Francisco também aponta um problema estrutural mais amplo: o não funcionamento de creches já entregues. Segundo ele, a cidade conta com diversas unidades prontas, mas fechadas, levando ao abandono e à destruição por vandalismo. “Várias mães me procuram pedindo apoio para encontrar creche para seus filhos e a gente não tem encontrado. Enquanto isso, creches novas estão sendo depredadas por não estarem em funcionamento. Isso é uma falta de responsabilidade da gestão”, ressalta.

Para Adenilson dos Santos, falta fiscalização dos vereadores e cobrança contínua da sociedade (Foto: Divulgação)

A crítica não se limita ao Poder Executivo. O advogado e morador de Águas Lindas, Adenilson dos Santos, chama a atenção para a responsabilidade dos parlamentares municipais. “O grande problema dessas obras que não terminam é a falta de fiscalização dos políticos, especialmente dos vereadores, mas também a cobrança contínua da sociedade”, aponta. “Aqui em Águas Lindas, são muitas as obras paradas. Enquanto isso, a prefeitura continua anunciando novas ordens de serviço sem entregar as antigas. Isso precisa ser questionado”, conclui.

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