Fechamento da Praia das Lajes gera suspeitas de monopólio em Cristalina

O turismo em Cristalina, a “Terra dos Cristais”, enfrenta sérias dificuldades. O fechamento da Praia das Lajes, um dos principais pontos turísticos da cidade, impacta diretamente a economia local, afetando comerciantes e prestadores de serviços turísticos. Além disso, há denúncias de monopólio no setor, com a exclusão de pequenos empreendedores das atividades promovidas pelo Centro de Atendimento ao Turista (CAT).

Elen Marinho de Lima, que atua como guia turística na cidade há mais de 25 anos, questiona a falta de abertura para novos empreendedores no setor. “O CAT favorece apenas um grupo seleto. Eles indicam apenas o Mercado dos Cristais. Inclusive, as lojas em volta da prefeitura que ficam mais perto do CAT, eles sequer deixam ir”, explica Elen.

Ela também relatou que seus materiais de divulgação foram descartados sem qualquer consideração. “Já deixei panfletos no CAT e eles foram jogados fora. Quando os turistas ligam, o telefone oficial só recomenda uma agência ligada à antiga secretária de Turismo e a situação não muda”, lamenta.

A reportagem do Jornal Opção Entorno havia publicado, em fevereiro de 2024, uma matéria onde constava que a prefeitura de Cristalina havia reaberto o Parque Natural Praia das Lajes após uma ampla reforma, com investimentos de cerca de R$ 600 mil. A reforma incluiu melhorias na segurança, com apoio da Guarda Municipal, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, além de novos espaços, como quiosques e áreas para churrasco. No entanto, para o Carnaval de 2025, o local permanecerá fechado. 

O que diz a prefeitura

Em entrevista, o prefeito de Cristalina, Luís Otávio (PL), explicou os motivos do fechamento da Praia das Lajes e os planos para o turismo na cidade. Segundo ele, a principal razão para a permanência do espaço fechado é a segurança dos visitantes. “Apesar da redução das chuvas, ainda há previsões de novas precipitações para esta temporada de verão. A estrutura das lajes precisa ser avaliada para garantir que esteja em condições adequadas para uso”, justificou.

O prefeito também mencionou questões administrativas. Devido à situação financeira do município, algumas secretarias, incluindo a Secretaria de Cultura e Turismo, precisaram ser temporariamente suprimidas. Contudo, a previsão é de que a pasta seja reativada já em março, período também em que uma equipe técnica fará uma avaliação completa da Praia das Lajes, visando garantir a segurança dos visitantes antes de uma possível reabertura. “Somente após essa análise poderemos definir uma data concreta para a reabertura, sempre priorizando a segurança e o bem-estar da comunidade”, frisou Luís Otávio.

Profissionais locais

Sobre as críticas em relação à valorização dos profissionais locais, como os guias turísticos, o prefeito reafirmou o compromisso de priorizar os trabalhadores de Cristalina. “A Secretaria de Cultura e Turismo retornará às atividades a partir de 1º de março e organizará os profissionais do setor para garantir que possam atuar de maneira estruturada e valorizada, fortalecendo o turismo local e oferecendo um atendimento de qualidade aos visitantes”, explicou.

O gestor municipal garantiu ainda que não há planos de conceder a gestão da Praia das Lajes a um grupo específico sem licitação. “Qualquer parceria precisa ser realizada dentro das normas legais e, dificilmente, isso ocorreria sem um processo licitatório. Não há qualquer possibilidade de disponibilizar a gestão da Praia das Lajes sem um processo amplo e consoante com a legislação”, ressaltou. 

Gestão mais transparente

Elen Marinho de Lima continua reivindicando maior organização no CAT e uma gestão mais aberta. “Os turistas chegam perdidos, porque nem o GPS, nem o CAT fornecem as informações corretas sobre os pontos turísticos. Isso é um erro enorme”, critica. Ela sugere que, assim como acontece na Chapada dos Veadeiros, Cristalina poderia se beneficiar de parcerias estratégicas e cursos de capacitação para guias e artesãos locais.

Além disso, Elen aponta a exclusão de comerciantes em eventos promovidos pela Secretaria de Turismo, como feiras, e a falta de divulgação de outros pontos turísticos da cidade. “Nas feiras de gestores, apenas dois convidados podiam ir. Outros comerciantes pediam para participar, mas eram ignorados. Até mesmo na Feira do Entorno, a secretária levou a prima dela, que vende bolo de pote, mas não levou nenhum artesão independente”, denunciou.

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