Demissão em massa e falta de insumos agravam a crise da saúde em Valparaíso de Goiás

24 março 2025 às 13h26

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A saúde pública de Valparaíso de Goiás atravessa um momento crítico. De acordo com o relato de um ex-enfermeiro que trabalhou no município por dois anos – e que preferiu não se identificar por medo de represálias –, a situação tem se agravado desde a mudança de governo, com a posse do prefeito Marcus Vinicius (MDB).
Segundo o denunciante, o vínculo contratual dos profissionais de saúde foi alterado para o regime CLT em julho do ano passado, com pagamentos frequentemente atrasados, mas ainda não efetuados. A partir deste ano, a crise se intensificou. “O salário começou a atrasar mais ainda. Começaram a ocorrer greves e a saúde ficou sem pagamento. Para você ter uma ideia, o 13º só foi pago em fevereiro”, afirmou.
Ele também contou que, no fim do mês passado, houve uma demissão em massa, que praticamente esvaziou os postos de saúde do município. “Praticamente todos eles estão sem enfermeiros. E não só enfermeiros: demitiram nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, pessoal de serviços gerais e recepcionistas. No posto onde eu trabalhava, por exemplo, ficaram só dois técnicos, um médico e uma dentista. Todo o resto foi demitido”, disse.
Além das demissões, há reclamações sobre a falta de pagamento das rescisões. “Fui demitido no fim de fevereiro e, até hoje, não acertaram a minha rescisão. E o prefeito só fica postando coisas nas redes sociais, enquanto a saúde está um caos”, desabafou.
Quadro reduzido pela metade
A situação, que já era descrita como precária, teria piorado drasticamente após o corte no efetivo de profissionais. “O quadro de funcionários deve ter sido reduzido pela metade. Pacientes estão há mais de dois meses sem receber materiais de uso domiciliar, como sondas, fraldas para acamados e leite para as crianças. E não tínhamos nem o básico para trabalhar, como uma luva”, relatou.

Até o fechamento desta edição, a Prefeitura de Valparaíso de Goiás não se posicionou sobre as demissões, o atraso nas rescisões e a falta de insumos denunciada pelos profissionais, apesar da insistência da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.
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